terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Vida que segue. Vida que ensina...


É certo que a vida nos ensina...Mas, há muito não escrevo aqui e tantas coisas aconteceram e tanto eu já aprendi. O mais certo ainda é que o aprendizado não tem fim. É sempre renovado, integrado a conhecimentos já adquiridos e experiências vencidas ou frustradas. 

Nesse tempo, dois últimos anos, consegui conhecer a amargura da dor de uma grande perda - com todas as situações que antecedem e sucedem esse terrível, mas inevitável acontecimento. Também pude entender que sou mais forte do que podia imaginar. Venci minha tristeza, lidei com minhas incertezas espirituais, filosóficas ou religiosas - como queiram chamar. Segurei a onda daquela vontade de gritar e chorar ininterruptamente para colocar-me em segundo ou terceiro plano. A regra era ser forte para ajudar minha mãe - que era sim o primeiro plano diante dessa dor - e meu irmão e juntos podermos passar por cada etapa posterior ao falecimento de meu pai. Compreensão dos acontecimentos, visão real da situação, como quando esfregamos os olhos e tiramos os grãozinhos que nos atrapalham a enxergar. Correrias, sapos engolidos, raiva de uns, mágoas de alguns tantos, reconhecimento e carinho de outros. Nessas horas, verdadeiramente, conhecemos pessoas, identificamos quem se preocupa com a nossa dor, com nossos problemas. Pouquíssima gente. Isso é fato. Mas, o melhor é reconhecer que a família é a maior força que se tem. E quem tem, tem e ponto. Eu tenho. 

No segundo momento, aprendi que a vida continua. Assim meu pai dizia,  mas eu tinha lá as minhas dúvidas. Ela continua mesmo. Não com a mesma cor. Mas com outros tons e cores...E tudo segue. Neste caminho, de maneira quase simultânea a dor , revelou-se a mim, a força do amor. Um novo amor. Certamente nesse momento eu aprendi, mais uma vez, que posso até mudar os "canais", mas o controle não está em minhas mãos. E esse novo amor fez-me perceber o quanto a alegria pode renascer, a vontade de viver e os problemas podem ser desenrolados acompanhados de bons momentos. Uma coisa não precisa ofuscar a outra. Pelo contrário, somados eles são menos doloridos. Num espaço rápido de tempo estava noiva de um, até então, colega de trabalho. Que ironia do destino. Alguém a quem eu vivia dizendo "agora não posso", "fica pra próxima", referindo-se aos convites para sairmos. E assim, começou em minha vida um novo ciclo. 

Construção de um relacionamento, divisão de tempo, sentimentos, atenções divididas...Vontade de cuidar e estar com a mãe e com a família, mas também vontade de seguir adiante e constituir família. Novo aprendizado. Tudo pode e deve caminhar junto. Quem me ensinou? A grande professora de minha vida, minha mãe. "Filha, vamos fazer  o seu casamento lindo". "Desejo a vocês que sigam e tenham a casa de vocês, que sejam felizes...eu vou ficar bem", dizia ela. E mais: "você e seu irmão já fizeram de tudo pelo seu pai, agora precisam seguir a vida de vocês, a mãe vai ficar bem". Chorei muitas vezes para entender que tudo era possível sim. Mas, ela sempre forte foi quem impulsionou-me a realização de mais um sonho: casar-me. 

Em 13/12/2014, Enio Melo e Sheila Cristina Stach, agora com Melo no final, casaram-se na Paróquia Santíssima Trindade, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Depois de um ano e nove meses de namoro. Foi um dia inesquecível construído com muito carinho, cuidado e dedicação dos noivos, da mãe e do irmão da noiva. Um dia ensolarado e de muito calor. Uma noite quente, cheia de emoções e alegrias. Presenciaram esse momento 193 pessoas, das 230 convidadas. Uma cerimônia linda, com palavras da Carta aos Coríntios, do Apóstolo Paulo - sobre a importância do amor e seus ingredientes. Abraços e lágrimas. Aplausos. Delicadezas das crianças envolvidas, enfim. Tudo muito lindo. Foi como um conto de fadas. 

Hoje, vão-se dois meses e meio de uma nova vida. Apartamento novo, onde já conseguimos habitar. Aos poucos vamos arrumando e deixando com nosso "jeito". Presentes organizados e já em uso. Só temos a agradecer a todos que nos ajudaram a preencher o nosso lar com tudo que é necessário para uma casa funcionar! Especialmente a minha mãe a quem nem sei como retribuir tanto carinho, tanta ajuda e dedicação. 

No último sábado, 21/02, fizemos nossa primeira recepção. E como não podia ser diferente, minha mãe, meu irmão, minha cunhada e sobrinho (que também chegou como presente em nossas vidas nesse mesmo espaço de tempo - entre a dor e o amor - e é lindo demais) foram os primeiros convidados. Foi uma tarde linda, em família, com direito a churrasco, música, risadas e pra fechar um bom filme no final de tarde. 

Tivemos e temos dificuldades a superar. Enquanto casal, Enio e eu vamos aprendendo a realidade da vida a dois. As mudanças de  humor, os medos, os desafios financeiros, pois, claro, sobraram dívidas desse "conto de fadas", mas, aquelas palavras ditas na cerimônia, o apoio dos amigos e familiares, os nossos juramentos declarados diante de todos, revelam um amor que será resiliente aos atropelos do caminho e resistirá sempre com mais e mais aprendizados. Enquanto família, ainda sobram resquícios da dor e questões a serem resolvidas.  Minha mãe segue firme - e eu não desgrudo dela. Tratei de morar perto. Meu irmão e cunhada estão com ela. E assim, vamos seguindo e vivendo! 

Vida que segue...Vida que ensina. 

24/02/2015.