sábado, 28 de novembro de 2009

Reflexões sobre as mudanças no ensino. Exposição "Fundadores", na USP, até 12 dedezembro

Há muito não escrevo em meu blog. Acho que ele ainda nem existe. E a desculpa é sempre a mesma: falta tempo! Desculpa mesmo...Que tempo é esse que nunca nos é suficiente? Acho que sou eu quem estou em falta com ele: preciso organizá-lo melhor. Promessa!

Mas, hoje quero postar essa matéria sobre a exposição "Fundadores" que acontece na USP até 12 de dezembro. O texto, além de divulgar a mostra, aborda uma reflexão interessante: as transformações nos métodos de ensino em função das mudanças estruturais das escolas e universidades; a relação entre professores e alunos; e as características para uma boa aula que, muito além de ensinar teorias, deve problematizar situações para que as soluções teóricas ganhem sentido. Eu gostei e, apesar de ainda não ter visitado a exposição, sugiro o programa.

Exposição na USP relembra primeiros professores

Fernand Braudel, Claude Lévi-Strauss e mais 32 "mestres" são homenageados

Primeiras aulas eram dadas na língua mãe dos docentes, e os alunos tinham de saber francês, alemão e até russo para acompanhar as classes

Ayrton Vignola/Folha Imagem

Panfleto da exposição "Os Fundadores", que conta a história dos primeiros professores da USP e de sua primeira turma de formandos

CATHARINA NAKASHIMA
DA REDAÇÃO

Eles eram jovens, em sua maioria franceses, e ousados o suficiente para aceitar o desafio de vir para o Brasil e ajudar a fundar uma universidade.
São Paulo, anos 30, em clima do pós-guerra constitucionalista, ansiava pela criação de um centro de estudos que formasse uma elite intelectual à altura do poder econômico do Estado.
Fernand Braudel tinha 32 anos quando, entre 1934 e 37, veio lecionar na recém-criada Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, a USP.
Na mesma época, vieram também nomes como Jean Maugüé, aos 30 anos, e Claude Lévi-Strauss, 26. Esses e mais 31 "mestres", entre eles alguns brasileiros, são homenageados na exposição "Os Fundadores", que conta a história dos primeiros professores da USP e de sua primeira turma de formandos.
São 17 estruturas de 1,80 m de altura colocadas do lado de fora da livraria João Alexandre Barbosa, no prédio da antiga reitoria da USP. Nelas, há fotos, pequenas biografias e frases dos chamados fundadores .
As estruturas -do arquiteto Gustavo Piqueira- simulam cadeiras que remetem às cátedras, onde se sentavam os professores das primeiras universidades europeias na Idade Média e que simbolizam o domínio do mais alto conhecimento.
A mostra integra a comemoração dos 75 anos da USP, completados neste ano. Em 2010, alguns dos livros dos primeiros professores serão republicados pela Edusp (Editora da USP).
Naquela época, cada professor dava aula em sua própria língua, é o que conta Maria Arminda do Nascimento Arruda, professora titular do Departamento de Sociologia da USP e uma das organizadoras da mostra. Isso significava que os alunos tinham que saber, ou ao menos estudar, o francês, o italiano, o alemão e até o russo para acompanhar as classes.
As turmas não passam de 15 ou 20 alunos. Segundo o professor de teoria da história da USP, Elias Thomé Saliba, Fernand Braudel dava suas aulas em salas emprestadas pela Faculdade de Medicina (na avenida Doutor Arnaldo) e muitos de seus pupilos iam à sua casa.
Paul Vanorden Shaw, professor de história e um dos nomes brasileiros da exposição, fala sobre a aula perfeita em um dos painéis: no escritório do professor, em meio à biblioteca e máquina de escrever, em cadeiras macias, "alunos dispõem-se indiferentemente e acendem os seus cigarros numa atmosfera de informalidade e, ao mesmo tempo, um local de meditação e produção intelectual".
"Isso não existe" ou "seria irrealizável hoje", respondem os atuais professores da universidade, diante do sonho de Shaw.
Os antigos seminários, diz Maria Arminda, não são possíveis na graduação, em que as salas podem ter mais de cem alunos. Mas para a socióloga, numa aula-modelo, o professor não discute a teoria, e sim um problema a partir do qual se inserem as teorias.
"Uma boa aula deve aliar a simplicidade e ir direto ao ponto. Nada de alinhar dez ou 20 ideias essenciais. É melhor apresentar só um elemento central e repeti-lo sob diversos ângulos. Uma boa aula representa não apenas certo domínio de uma disciplina, mas ela é o produto do compromisso de toda uma vida com um corpo de conhecimentos, de anos de reflexão e leitura", afirma o historiador Saliba.
A respeito dos próximos 75 anos da USP, o historiador não faz um prognóstico, mas é categórico: "a universidade deve ser o espaço da diferença, da crítica e, sobretudo, do desafio às nossas certezas. Uma das principais virtudes que as universidades devem possuir é o que continuo encontrando no jornal diário impresso. Ele nos expõe um pouco de cada coisa e de tudo: virando as páginas para encontrar uma seção favorita, esbarra-se numa história científica, numa notícia local que nos intriga ou numa opinião contrária que nos aborrece ou nos surpreende."


Exposição "Os Fundadores" - Área externa da livraria João Alexandre Barbosa, av. Prof. Luciano Gualberto, trav. J, Cidade Universitária, até dia 12 de dezembro

Fonte: Folha de S. Paulo, 28.11.09, Caderno Cotiano. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2811200909.htm, acessado em 28.11.09, às 00h17.

domingo, 21 de junho de 2009

Jardim Botânico!


Viva a Natureza! Para fugir do estresse do dia-a-dia, uma boa pedida é refugiar-se por algumas horas no Jardim Botânico de São Paulo.